Minha POESIA, é meu Mar de emoção

Minha POESIA, é meu Mar de emoção
onde navego, caminho e Aporto (Lindau, fronteira com a Austria).....

sábado, 18 de dezembro de 2010

PAVAO

PAVAO

Canção ao Mestre PAVÃO

Por> Neca Machado

Benzeu, Benzeu!

Mestre suor de nossa Gente,
Encanta o Povo com tua arte,
Levanta a voz
Na rouquidão.

Bate o compasso
Dessa rima
E na esperança da afro menina
O som da alma é aflição.

BENZEU, BENZEU....

Mestre PAVÃO
De olhar sereno
Levanta a murta
Com jeito moreno
De uma cor tão varonil.

Mestre Batuque
É tua sina
Sonetos em prosas e rimas
São parte do teu coração.

Mestre da luta
Es Fortaleza
Encanta o povo com tua leveza
Neste meu solo brasileiro
Cortando o meu Brasil inteiro

Num Marabaixo só MEU.

BENZEU, BENZEU!

BATEU, BATEU....

Ecoa o som do meu batuque
Na rima de um verso negreiro
No coração do meu Pais
Teu nome é sina brasileiro.

PAVÃO Mestre por inteiro
Do meu Laguinho tropical,
De fitas , rezas
Ladainhas, samba e teu carnaval.

BENZEU, BENZEU!...

sábado, 11 de dezembro de 2010

CUORE


La vostra presenza sarà per sempre nel mio cuore.
troverete in ogni luogo, ogni vento che soffia me lo provano te.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

sábado, 4 de dezembro de 2010

CONTOS

FUNDO DE GAVETA
Publicado em 21 de fevereiro de 2003 no Jornal Diário do Amapá.

Quando ela se deparou chegando aos oitenta anos sentiu um leve frio na costela...
A negra dos Campos do Laguinho sentou na varanda da casa rústica e resolveu revirar seu passado, era como se limpasse o armário e olhasse profundamente para um fundo de gaveta...

Primeiro foram às mãos que envelheceram sem o sentir do passar dos anos, tinham marcas profundas de uma jovialidade, que a cor conservava, sem que o tempo demonstrasse sinal de sua presença.

Já não podia tocar em algo que as dores de um reumatismo não surgisse de repente, que a deixavam prostada por dias a fio na velha rede de algodão.

Muitos sinais da passagem da juventude desapareceram, sumiram como por encanto. A dor de cabeça era uma constante, e o famoso banho de São João que conservava debaixo da cama, era sua salvação, o banho era um segredo de família, conservado anos.

Em dias de comemoração ao famoso santo, as ervas aromáticas ficavam em infusão por três dias banhadas em água de poço amazônida e retirados pela madrugada, tinha que ser antes do sol raiar para fazer efeito segundo a velha senhora. Sua sabedoria popular extrapolou os limites do Laguinho e as consultas em sua casa eram diárias.

Na gaveta o fundo amarelado guardava alem das lembranças, muitas saudades. Recostou o ombro na cadeira de balanço, tirou um fio de cabelo, e percebeu sua cor esbranquiçada que ficou em suas mãos, neste momento, outra dor mais forte no peito. Eram as lembranças que aquela gaveta lhe trazia, não lhe faziam bem nenhum.

Pensou no tempo em que o velho murucizeiro conhecia suas lembranças, foram cúmplices durante muitas décadas, ele era um confidente leal, em sua sombra a cumplicidade, seus frutos doces no chão, somente uma desculpa para querer sua companhia. Agora as tardes não possuíam mais o encanto de outrora, havia naquele momento um amargo sabor de saudade.

A gaveta seria fechada de uma hora pra outra, e com ela toda uma vida de glorias, vitórias, desamor, magoas, arrependimentos, tristezas, sonhos... Tudo ficou no passado!

NO FUNDO DE UMA VELHA GAVETA!



A BORBOLETA
Publicado no Jornal Diário do Amapá em; 12 de fevereiro de 2003-cultura.

A BR 156 estava completamente nublada ao entardecer, e ainda no vidro do carro embaçado pela chuva fina, o motorista tentava não desviar da estrada, porém, os buracos em numero excessivo eram grande obstáculo, ele ainda estava preocupado com o sono leve que se aproximava deixando transparecer um ar de inquietação.

Neste momento um caminhão carregado de eucaliptos que vinha em sentido contrario o fez redobrar a atenção para não ocasionar um acidente grave.

O buraco no meio da estrada surgiu como por encanto, ele sabia que não estava lá quando veio pela primeira vez, e o sol ainda estava no alto norteando sua viagem. O barulho das rodas no asfalto fez com que os ocupantes que estavam no banco de traz acordassem, e aos gritos perguntavam: o que foi isso? E o coitado branco de medo não tinha uma explicação.

A viagem com o primeiro susto seria o começo de uma grande odisséia naquela noite. O carro equilibrava na estrada como que conduzido por algo estranho e o motorista continuava com seu medo sem demonstrar aos outros ocupantes.

O vento forte que bateu no vidro da janela, fez com que uma claridade repentina despertasse o motorista que já se acalmava do primeiro susto, e ele não sabe explicar como o fenômeno aconteceu: primeiro foi uma rajada de vento acompanhado de uma luz muito forte, depois um inseto que foi se transformando em algo maior e ele exclamou assustado aos amigos que era uma Borboleta gigante.

No percurso com destino ao município amapaense de Ferreira Gomes, uma Borboleta luminosa acompanhou a viagem sem se deixar ficar para traz.

As vezes acompanhava do lado direito do carro, e quando o motorista tentava firmar o olhar para reconhecer o inseto, ela se esquivava e desaparecia, para logo em seguida surgir do nada no outro lado.

A luz que a rodeava era uma luz diferente que mudava de cor segundo o tal motorista que não conseguiu descrever qual a sensação de visualizar algo sobrenatural. Também existiu o medo que foi indescritível naquele momento de pavor.

E a estória da tal Borboleta Gigante se espalhou pelos velhos motoristas da BR 156.

DESPEDIDA
Publicado no Jornal Diário do Amapá em: 13 de fevereiro de 2003-cultura.

As chuvas de março sempre foram inspirações para os mais sensíveis com o coração.

O frio une os amantes tornando-os mais cúmplices e amigos, fortalecendo as relações recíprocas de afeto, e deixando aflorar cada poeta escondido em um emaranhado de funções cotidianas, onde as obrigações tornam-se prioridades, deixando de lado a parte emotiva do ser humano.

A noite é um labirinto de desejos, que atinge o clímax quando a chuva começa a dar seus primeiros sinais, deixando as emoções nortearem os instintos, onde o entrelaçar de mãos, o sussurrar de sons indecifráveis é um ritual continuo sem hora para acabar.
O casal de namorados fez sua primeira jura de amor debaixo de uma das arvores centenárias da avenida Beira Rio, onde o vento forte do Rio Amazonas serviu de testemunha, pássaros eram platéia, que empolgados com o romance gorjeavam sem parar. Juras intermináveis, sensações luxuriantes e inebriantes faziam parte do cenário, e a chuva era o complemento final de uma cena de amor.

Prometeram amar-se eternamente, até que a morte os separasse, cascas de arvores frondosas foram arrancadas e marcaram através de incrustações, como testemunho de um compromisso informal, sem a presença de um contrato civil, a relação amorosa daqueles eternos amantes.

O rapaz ao se despedir da amada ainda conservava no semblante o grau de felicidade que ela lhe proporcionou, e não percebeu o automóvel que se aproximava com regular velocidade, que o apanhou na lateral da calçada e ele foi atingido justamente na cabeça, tendo naquele momento traumatismo craniano fatal.

A noticia chegou como um raio que atingiu a moça em cheio, sem uma explicação que jamais será aceita. E ela com as mãos na cabeça, aos gritos sem conseguir pronunciar as frases corretas, tentava entender o por que? daquela DESPEDIDA.

Ele anteriormente desejava ser feliz e prolongar aquela felicidade que foi interrompida sem explicação. Ficará somente na entranha de uma arvore a lembrança de uma jura de amor.

Despedidas inexplicáveis acontecem todos os dias, porém, jamais conseguiremos compreender!


COMIGO NINGUÉM PODE...
Publicado no caderno de cultura do Jornal Diário do Amapá em: 28 de novembro de 2002.

A planta altamente venenosa é uma espécie de tajá brabo. Para os curandeiros que praticam a pajelança ela possui poder miraculoso que combate o mau olhado.

O pé de comigo ninguém pode ficava atrás da casa de um morador antigo do bairro do Laguinho. A matriarca tinha mania de curar a arvore que, viçosa possuía as folhas mais bonitas da redondeza, sua cor de um verde-oliva chamava a atenção de todos que a observavam com inveja, segundo a proprietária.

Entremeadas entre o verde e o branco as folhas reluziam seu brilho ao cair da tarde, sua forma como se fosse um coração se debruçava ao vento demonstrando que possuía superioridade entre as outras plantas do quintal.

Todos os dias o belo pé de Tajá recebia bacias cheias de água curada como diziam os mais antigos.

Na mistura benta lá se iam: sal grosso, alho batido no pilão de pau, folhas de mucuracaá, ramos de alecrim, pingos de cachaça pura e virgem e lavagem de água de carne fresca.

Quando recebia seu banho o pé de comigo ninguém pode só faltava falar, suas folhas balançavam soberbas, e o vento vinha com uma docilidade como se conversasse com a touceira do Tajá venenoso.

Um dia a vizinha ouviu um assovio; começou fino, depois cresceu, ecoou pelo quintal, penetrou na alma, e ela procurou entre os pés de açaizeiro se havia alguém escondido lá, nada de anormal foi avistado. Varias vezes ela escutou o mesmo som e começou a partir daquele dia a prestar mais atenção de onde ele vinha.

Descobriu assustada que era do pé de Comigo Ninguém pode.

sábado, 27 de novembro de 2010

MULHER

MULHER DO AMAPÁ



Por: Neca Machado




Lá vem ela com seus pés descalços

E a mão cheia de calo

De tanto labutar,

Vem do Poço do Mato, Laguinho, Pacoval, Liberdade, Curiau, Santana, Oiapoque....

De todo lugar.

É ela: a menina, mulher, do cais, da Doca da Fortaleza e da beira-mar

É ela VENINA, Maria das Dores, Isaura, Leopoldina, Geralda, Niná...

Joana, Cunhã, Bebé, Nenê, Mundica, Joaquina, Zulma, Terezinha...

Para um amor, se entregar.

MULHER DO AMAPÁ, é

Corajosa, guerreira, parteira, curandeira, puxadeira, rezadeira...

Que sobe as ladeiras

Sem fraquejar.

Que luta, cansa, e descansa,

Enxuga o suor, sem reclamar.

E todo o dia, acorda e continua a caminhar.

De um lado pro outro, pra lá e pra cá.

SEU NOME É:

MULHER DO AMAPÁ.

Izabel da quitanda do bairro moreno

Geralda da esquina do Poço sereno

Venina da dança, e do requebrado.

Que se entregam ao prazer de uma cultura propagar.

Cunha de mãos benditas, curando mazelas.

Sem deixar seqüelas, em quem se machucou.

Dona Antonina, mulher da fé...

Nina, a Deusa da argila,

Que para o mundo o AMAPÁ revelou,

Criou sua ARTE no barro e na cor,

Seu talento especial nos deixou.

Embevecendo quem suas obras contempla,

E nos faz viajar por suas benditas rendas em uma argila tucuju

MULHER DO AMAPÁ

De doces lembranças

Na face e na esperança

Do aprender e do ensinar.

De prever e de profetizar.

É ela GUITA, da educação.

Da reza, da Santa, e da solidão.

Aracy Mont’Alverne, poetisa, bondosa, do lirismo e da trova.

E na culinária o sabor de uma especialista

com jeito de fada, Tia Bebé da Catedral.

Dos sonhos, dos doces, do tucupi, e da cor do açaí.

Lembrando Caty.

MULHER DO AMAPÁ

Onde está a saudade do olhar de Ester Virgulino

E a dança e a cor de uma negra mais bela, chamada Biló?

Que trás na herança, o nome famoso de Mestre Julião.

com o coração partido por não mais dançar sobre o chão.

Rodando bailados, em saias rendadas,

com cheiro de açucena e manjericão.

Hoje na lembrança e no fundo do coração.

Onde está o olhar e a voz rouca

Da Negra Maciça

Chamando Avhulu?

Fazendo um carinho

No neto de cor de ébano.

E deixando o olhar se perder

Sobre a luz.

Que a seduz...

MULHER DO AMAPÁ.

É coragem, é força, fortaleza, como a secular catedral.

Centenária, na sua ousadia de saber ser MULHER.

E SEMPRE leal,

AO NOME, A FAMILIA, AO AMOR...

Ao jeito de SER TUCUJU.

Na ousadia de saber ser MULHER,

Ser Tereza, Maria, Raimunda, Diquinha...

Negra, mulata, mestiça, franzina, cordata, audaz.

Andaluz, cheia de encanto e Magia.

De sonhos, e esperanças,

Fazendo do clarão do dia,

Sua eterna LUZ.

De pré-nome, nome e sobrenome.

MULHER.

QUE SE ORGULHA DE SER.

A MULHER DO AMAPÁ.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

terça-feira, 23 de novembro de 2010

CURVAS



Em linhas curvas...
Por> Neca Machado


Quantas vezes me deparo, espreitando Mentirosos....

Em linhas sinuosas de propostas irreais.

Promessas inúteis e utópicas, jamais a concretizarem-se...

E no recanto da saudade, uma lembrança do meu lugar....

Que bom, se a natureza humana preponderasse em sua plenitude
Nas normas internas de um coração...
E as linhas curvas desabrochariam
Tornando-se líneas reais.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

PASSAROS

SABIA

O SABIÁ E A SEMENTE

Por: Neca Machado


Este Sabiá madrugador
Transpôs:
Janelas, portais, mares, e rios,
Voou distante, tão longe.
Quebrou e rompeu desafios.
E com o sol das manhãs,
Desceu na minha janela.
Que visão mais bela
E pueril.

E me trouxe a SEMENTE
Da vida,
Da luz,
Da esperança,
E de uma saudade.

Este SABIÁ,
Que tem cheiro de CIO.
Veio ao som dos batuques,
Com o cheiro das açucenas,
De abril,
Com o embalo das morenas
Com a reza das novenas,
Dos Campos do Laguinho,
Com o cheiro das mangas maduras
Da safra de Dezembro
Sutil.

Este SABIÁ!
Com a cor do sol
Do Equador tropical,
Do Equinócio das águas,
É o SABIÁ do amor,
Desta Nega Fulô.

Sua SEMENTE,
Tem nome de flor,
De desejo,
De cheiro de Mato,
De orvalho molhado,
É sua Nega Fulo.

Sua SEMENTE,
Tem cheiro de CIO,
Provoca arrepio,
É puro desafio.
Excita por assovio.

Sua SEMENTE,
Brota em solo
Floreal,
Juvenil,
Febril.

Sua SEMENTE ama este SABIÁ,
Que lembra do mar,
Das marés,
Das ondas senhoras,
E da mansidão dos igarapés.

Este SABIÁ é Senhor,
Das vontades,
Saudades,
Desejos contidos,
Escondidos,
E seu canto
Deságua,
Entranha,
Desbrava,
Arranha
E passeia na teia
Desta pobre aranha.

E seu grito vem,
Como a Pororoca,
Sem medo,
Destruindo,
Consumindo,
Sorrindo,
E se vai...

E sua SEMENTE,
Sobrevive
A mais este ai.

Sua SEMENTE vive,
Se desnuda,
Desabrocha
Numa fenda da rocha,
Feito um cristal.

Sua SEMENTE,
Resiste, persiste,
Ao tempo,
A saudade,
As lembranças,
A dor,
A desesperança,
E de sua janela
Insiste em brotar.

Sua SEMENTE,
O quer,
Quer sol,
Água,
Orvalho molhado,
Quer seu sorriso encantado,
Quer seus braços estendidos,
Afago de sua mão,
Quer seu cheiro de cio,
Quer somente
Um pedaço do seu coração.

Sua SEMENTE cresce,
Brota viçosa,
Ergue-se pelas manhãs
Preguiçosa.
Torna-se frondosa.
E se estende pelos cantos
Deixando um encanto no ar.
No recanto de uma saudade.
Olhando frestas sobre florestas.
Ergue-se sobre mares,
Lugares,
Busca um caminho,
Um porto seguro,
Neste escuro.
Deste SABIÁ.

Sua SEMENTE,
Banha-se,
Com água de poço, (Poço do Mato)
Revela seus segredos à mãe do rio,
Sente arrepios.
Conhece segredos de uma magia
Lança-se sobre janelas imaginarias,
Em busca de seu SABIÁ.

Sua SEMENTE faz versos,
Mostra reversos
Tem sonhos,
Sente cheiro de saudade
Do seu SABIÁ.

Este SABIÁ
Da cor divinal, celestial,
Angelical,
Tão natural,
Com sabor do açaí, de cupuaçu,
De bacuri...
Tão animal.
Com seu canto irracional.
Que pousa atrevido na minha janela,
No meu sofrimento,
No meu quintal.

Este SABIÁ é gente,
Tem pensamentos,
É generoso,
Doce,
Torna-se degustativo.

E sua SEMENTE
Tem incertezas,
Lamenta,
E faz sonetos,
Nas entrelinhas
Ponteia
Norteia,
Vagueia,
E fita seus olhos de mel,
Contemplativos,
No seu SABIÁ.
Que entre janelas ao vento,
Portais e murais,
Lagos, florestas e igarapés,
Teima em voar.

E sua SEMENTE,
Se cobre
De lagrimas,
De mantos de santos,
De encantos
E desejos,
Viajando em canções
Que a fazem lembrar do seu SABIÁ. (lê, lê, lê.........)

E sua SEMENTE
Viaja
Devagarzinho
Por um mar acima, e um mar abaixo,
Como um menino, menina...
Que abriu os olhos
Pelas frestas de uma janela
Esperando um presente de Natal.


E este SABIÁ
Viajante,
Andante
Errante,
Torna-se distante,
Do seu penar.

Mas na seiva desta SEMENTE
Que insiste
Em sobreviver
Em plagas tucujus,
Sua imagem a faz florir.
Crescer,
E fazer
Novas sementes
Para este amor
Se eternizar.

Sem amarras,
Mordaças,
“Então tá SABIÁ!”

E da minha janela,
Eu vi Bem-te vis,...uirapurus...
Vi chuva de inverno
Imaginei janelas ao vento
E quase cheguei ao céu.

Não fui leviana
Somente insana.
Buscando uma canção
Pra me confortar.

“Então ta SABIÁ”, (lê, lê, lêlê........)
ESTE CANTO FICOU SOMENTE NO PAPEL.

Com a bela lembrança de um SABIÁ.

domingo, 14 de novembro de 2010

NECA

AMAZONIDA

SOU UMA AMAZÔNIDA!

Por> Neca Machado


Ao nascer no norte do Brasil, na fronteira com a Guiana francesa ao sabor do vento do maior rio de água doce do mundo, o Amazonas, me considero UMA AMAZÔNIDA em sua plenitude.


Minha terra também tem Palmeiras, parodiando o poeta nacional, e pelo seu solo pátrio os pássaros que aqui gorjeiam também são cantadores. Por minhas entranhas os senhores da floresta abençoaram-me com suas ervas miraculosas e num magnífico cenário desta paisagem singular, me fortaleço continuamente fazendo com que meu sangue nativo circule com a força de meus ancestrais indígenas e africanos.

SOU UMA AMAZÔNIDA!

Por cultivar minha origem

Por amar minha raiz

Por debruçar-me sobre este solo,

Com a força motriz.

De quem sabe de sua historia

De quem ama o seu País.


SOU UMA AMAZÔNIDA!


Sentada nas embarcações

Caminhando sobre bolsões...

Cultivando o meu solo

Preservando minha fonte,

Sou deste solo errante

Como o maestro lapidante,

Que nas águas barrentas

Deste torrão tucuju

Descobre seu diamante.


SOU UMA AMAZÔNIDA!


De vagidos cristalinos

De soberbo coração,

Que navego andarilha

Pelos campos altaneiros,

Deste solo trigueiro

Fincado no meio do mundo,

Abençoado e profundo.


SOU UMA AMAZÔNIDA!

Nascida na maior Floresta

Sentindo o vento na testa

Fazendo de minha aquarela,

Uma verdadeira festa.

Pedindo sempre a benção

De meus deuses e padroeiros,

Para que nunca pereça.

Em momentos traiçoeiros.


SOU UMA AMAZÔNIDA!


Voando em asas imaginarias

Como uma Fênix nortista

Que nunca perde de vista,

O chão de sua raiz.

Posso caminhar tão longe

Que sempre volto faceira,

Para minha terra altaneira

No norte deste País.


SOU UMA AMAZÔNIDA!




Que desce nossas ladeiras,

Que se extasia por inteira,

Com as manifestações

Que varam noites a fio

Neste recanto sutil,

Onde o som do Batuque

Penetra na carne

Cortando em golpes certeiros

Lembranças de meus pioneiros.

No vai e vem do equinócio.

Como animais no CIO.


SOU UMA AMAZÔNIDA!


Banhada com água benta

Apaixonada por pimenta

Que se embrenha nas matas

Cortando nossos afluentes,

Como a lamina luzente

De um viajeiro andante

Debruçado sobre sabores

Desta terra singular

Onde cheiros e paladares

São divinos manjares

De Deuses do alem mar.


SOU UMA AMAZÔNIDA!


De pés na areia

Na lama

Na chuva,

Na maré.

Na calçada,

Na verdejante floresta,

Desta terra abençoada,

Por uma linha imaginaria cortada

Na beira de um Igarapé.

ADORMECIDAS


Pétalas adormecidas

Por> Neca Machado 2010

Quando minhas pétalas adormecidas acordarem
Estarás presente.

No aroma de campo distante
Na batida do mar nas pedras
Minhas mãos sentirão o calor...

Da verdadeira saudade
Distante
Tão presente
E tão amarga....

TRIBUTO

TRIBUTO AO POÇO DO MATO

I


Das entranhas da mata
Sangra tua vida, brota da Terra.

O suor de tua alma.

Oh! POÇO DO MATO

Mata minha sede

Mata os olhares de Negros piedosos,
E lava a alma e a pele
Dos pescadores,

Do Igarapé das Mulheres descalças
Desnudas e sofridas.

Oh! Meu POÇO DO MATO,
Banha seus pés,

A eles que se rendem
As suas dores.

Mulheres negras com potes
Em cabeças sofridas,

Es tu oh! POÇO DO MATO.

Acalanto e encanto
Para suas vidas.

NECA

ESPERANÇA

Neca Machado - 2008

Muitas vezes nos debruçamos sobre essa tal esperança

De acreditar

Em mudanças
Rumos
Ações
Passos
Compassos
Mutações
Transformações
Em orações

E nos deparamos com a podridão
Do coração
Das mãos
Da derme
Das mente
Dos dementes
Dos tementes
Dos insanos
Não Hermanos.

E mais uma vez acreditamos nessa tal esperança

De vir
Do porvir
Do servir
Do engolir
Do fugir
Do parir

E na esperança buscamos um caminho

Sem rumo
Sem prumo
Sem vento
Sem vela
Onda
Desanda
Desnuda
Na rua




E lá no fundo da alma ela surge de novo

Sorrateira
Rasteira
Brejeira
Caminheira

Como uma fortaleza
No horizonte
Nos montes
Nas nuvens
Na chuva
Nas flores
Nas águas
Nas marés
Nos igarapés
Sobre os meus pés


E continuo a sonhar com essa tal esperança
Sem querer acordar.


Que muitas vezes traz desesperança

Mas furtiva reacende
Transcende
Se funde
Confunde
Refunde
Reluz
Traduz

Sua luz
Chamada de

ESPERANÇA!


ESPERANÇA

MITOLOGIA

MITOLOGIA AMAPAENSE
Estórias recontadas por Neca Machado


Mitologia Amapaense é uma coletânea de conversas com PIONEIROS residentes no Estado do Amapá, recolhidas ao longo de mais de vinte anos, onde aprendemos somente a escutar estórias, que fizeram parte de nossa infância, vividas no bairro do Laguinho, reduto de manifestações culturais expressivas, misturando lembranças de uma geração em que a importância das historias contadas por minha avó Dona Leopoldina Machado perpetuou dentro de mim, um sentimento de bairrismo com nossa raiz afrodescendente para dividirmos com as futuras gerações que não conhecem a historia do Amapá.

Tomamos um amor especial por um tema onde o POÇO DO MATO, é central, ele fica localizado no coração do bairro do Laguinho, no meio da Avenida Padre Manoel da Nóbrega, no centro da cidade de Macapá, entre as ruas: General Rondon e São José, e foi declarado Monumento de interesse cultural do Estado do Amapá, através do Projeto de Lei nº 037/93, da Câmara de Vereadores do Município de Macapá.

O POÇO DO MATO possui importância impar para o povo amapaense, foi tema de samba enredo da Escola Jardim Felicidade no ano de 2007, por indicação do carnavalesco Carlos Pirú, e teve como samba enredo o titulo: “Poço do Mato, águas laguinenses que banharam o meu corpo e saciaram minha sede.” Era um cenário de um meio ambiente cultural até a década de setenta dos mais belos no entorno da área de ressaca do Laguinho. Pela crendice popular, em sua área de densa floresta, povoavam mitos e lendas, onde o cenário de medo predominava, com seres inimagináveis, assombrações e personagens folclóricos que se misturavam num espetáculo de magia e encantamento que fizeram parte da infância de muita gente no Amapá. Hoje totalmente desaparecido por sucessivas invasões.

Uma das principais personagens referenciais do POÇO DO MATO, foi o executor da obra que fazia parte do desenvolvimento da antiga Companhia de Água do Amapá, era o português ANTONIO PEREIRA DA COSTA, nascido em Vila Nova de Gaia-Porto-Portugal a 17 de fevereiro de 1901, e falecido em Macapá a 03 de julho de 1983.

NECA

NECA POR NECA MACHADO

Considero-me uma amapaense Bairrista por amar minha raiz, nasci em 05 de agosto de 1961, na cidade de Macapá, estado do Amapá. (Estou desencarnando...)

Os antigos cablocos tinham por habito olhar no calendário ao registrar seus filhos o dia do santo. E lá fui eu batizada com o nome de Nossa Senhora das Neves, Chamo-me então Neves, aos pouco minha mãe soberba com uma menina negra de olhos da cor de mel, chamou em sua ousadia de boneca, com o passar dos anos restou NECA, assumi o pseudônimo de NECA MACHADO.

Sou irrequieta, não me contentei com a miséria e nem com a ignorância, não tenho o habito de ter MEDO, considero-me CORAJOSA. Busquei conhecer a administração e em Belém do Pará formei-me em bacharel em administração de empresas geral, depois licenciei-me plena em pedagogia pela Universidade Federal do Amapá, sou especialista em educação com base tecnológica pela Faculdade Seama em parceria com a Secretaria de Educação do Amapá, sou pós graduada em ensino profissionalizante e com a mesma inquietude de amar a historia do Poço do Mato, fui a academia mais uma vez especializar-me em Direito Ambiental.

Incomodei muitos medíocres ao tornar-me jornalista colaboradora com mais de 2000 (duas mil) publicações entre artigos, contos, e crônicas.

Depois de mais de quarenta anos deixei a Igreja católica para acreditar no espiritismo, considero-me uma mulher alem do normal, tenho uma sensibilidade à flor da pele, muitas habilidades, mas não sou especial, sou alguém com algo sobrenatural, e por isso deixarei as futuras gerações um pouco de minhas habilidades, quer nas artes plásticas, quer na literatura.

Simplesmente! Neca por Neca Machado
Em; Março de 2009.